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Criadouro de Aves Domésticas Ornamentais

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17 de dez. de 2015

ARTIGO: O Calafate ou Pardal de Java

Artigo publicado na Revista Pássaros Exóticos, em 2014.

A espécie

Olá amigos leitores da Revista Pássaros Exóticos! Nesta edição estamos juntos mais uma vez para falarmos de mais uma espécie de Passeriforme exótico: o Calafate. Foi a minha terceira espécie de exóticos que criei na vida, ficando atrás dos Diamantes Mandarins e Manons do Japão, respectivamente. Entretanto, é a espécie que mais amei criar e é sem sobras de dúvidas, o exótico que eu mais admiro, seguido pelos diamantes mandarins.

Existem duas espécies de Calafates: Lonchura oryzivora, a tradicional bem conhecida por nós, e a Lonchura fuscata, popularmente chamada de Calafate de Timor. Mais uma vez, como a maioria dos Passeriformes exóticos criados no Brasil, ambos os Calafates pertencem à Família Estrildidae, a mesma dos Goulds e Mandarins.

O táxon Família representa um agrupamento monofilético, onde todas as espécies derivam de um descendente comum. Mas mesmo dentro de uma família existem várias linhagens ou ramificações (como tronco e galhos de uma mesma árvore), e estudos recentes mostram que os Calafates estão dentro da linhagem das Munias e do Manon, isto é, dos Lonchura. Ao se observar uma Munia (Lonchura striata), um Calafate de Timor (Lonchura fuscata) e um Calafate (Lonchura oryzivora), pode-se reparar características em comum, como por exemplo, o formato cônico do bico. Dar-se-á até para visualizar um gradiente de mudanças fenotípicas entre os três, isto é, um Calafate de Timor é ao mesmo tempo parecido com uma Munia e com um Calafate, como se representa-se uma ramificação ocorrida bem no meio do caminho evolutivo.

Por tal motivo, na publicação dos “Handbooks of the Birds of the World” (Manuais das Aves do Mundo) de 2010, os dois Calafates perderam o gênero Padda e passaram a ser Lonchura. Tal fato é corroborado pela capacidade dos calafates em se hibridarem não só com os Calafates de Timor, como também com o Manon do Japão.

Sendo o Calafate originalmente uma espécie endêmica, sua área de distribuição natural estava restrita ao país da Indonésia, mais precisamente nas ilhas de Java, Bali e Sumatra. Porém, provavelmente em função da difusão feita pela avicultura, a espécie é encontrada em forma livre em outras regiões do globo, como na ilha de Bornéo (da própria Indonésia), China, Japão, África Oriental, arquipélago do Hawaii e Flórida, sendo os dois últimos lugares estados norte-americanos. Já o seu primo está restrito à Ilha que lhe deu o nome: Timor.

Em sua distribuição geográfica natural, os Calafates habitam regiões de arbustos esparsos, perto de bambuzais e plantações de arroz. Aliás, ele é um grande devorador das sementes de bambus e, após o avanço da agricultura na região, de arroz, sendo considerada uma verdadeira praga no cultivo. Por tal motivo, aliado à caça do passado para sustentar a venda de exemplares e à morte em massa por meio de pesticidas e avecidas, o Calafate possui o status de conservação vulnerável, sendo incluído no anexo II da CITES, levando a espécie ao anexo A das Instruções Normativas 03/11 e 18/11 do IBAMA.

O Calafate é considerado uma grande espécie para sua família, possuindo seus 14 cm de comprimento, podendo chegar, nos padrões de cativeiro, aos 16 ou 17 cm. Seu primo de Timor possui o tamanho padrão dos estrildídeos, com seus 12 cm de comprimento.

Como as demais Lonchuras, os Calafates possuem em seu padrão de cor somente a presença das melaninas. O interessante no Calafate (Lonchura oryzivora) é que não ocorre deposição melânica em seus pés e bico, que, aliás, é vermelho em função do sangue que circula dentro dele. Portanto, a cor do bico dos Calafates é um importante indicador do estado de saúde do animal, onde problemas resultam em palidez dos mesmos.

O nome popular Calafate vem do verbo calafetar, isto é, vedar. O motivo para o nome é o fato dos ninhos dos Calafates selvagens serem bolas bem vedadas, permanecendo apenas uma única abertura para entrada e saída do ninho. Até hoje em cativeiro os Calafates preparam seus ninhos em forma bem fechada. Em outras línguas os Calafates são conhecidos como Pardais, como em Portugal (Pardal de Java), na Espanha (Gorrion del Java) e na Inglaterra (Java Sparrow).

Os Calafates são criados pelo mundo pelo menos desde o século XIX e no Brasil há mais de 50 anos. Seu padrão de cor e as diversas mutações encantam criadores mundo a fora, tendo inclusive, casos de Calafates mansos que vivem soltos nas casas de seus proprietários.

Alimentação

Como os demais estrildídeos, os Calafates possuem a alimentação à base de sementes, utilizando-se a mistura tradicional para exóticos, com base em painço e alpiste, além de uma boa farinhada. Com base à sua dieta original, deve-se oferecer aos mesmos arroz com casca e na minha criação, sempre oferecia aos casais com filhotes um pote com aveia e outro com níger, além de milho verde. Pode-se oferecer também coxos com alimentação extrusada, como um complemento às sementes.

Eu sempre fiquei admirado com o apetite dos Calafates, onde não havia desperdícios. Todo alimento oferecido era prontamente consumido.

Reprodução

Ave de temperamento dócil, mas demonstra certo grau de territorialidade, principalmente na época de reprodução. Entretanto, isto não o impede de ser criado em colônias, inclusive colônias mistas com outras espécies de estriltídeos ou até mesmo columbídeos (Rolinhas Diamantes) ou psitacídeos (Periquitos Australianos e Calopsitas). São aves resistentes, se adaptando muito bem em viveiros externos, desde estejam protegidos de ventos. Um problema em relação aos Calafates é a capacidade de se estressarem de maneira fácil, podendo se debater até a morte, apesar de eu nunca presenciar óbitos por sustos em nosso criadouro.

A reprodução pode ser tentada em gaiolas criadeiras para canários belgas (gaiolas argentinas), com o ninho em formato de caixa. Segundo muitos criadores, os ninhos com melhor aproveitamento são os retangulares usados em criação de periquitos australianos, e não as caixinhas comumente usadas nas demais espécies de exóticos. Tem criador que os reproduz em gaiolas para Periquitos Ingleses ou Agapornis.

Na época em que os criava, mantinha os casais em gaiolas criadeiras de canários, daqueles modelos pequenos (48 cm de comprimento), com apenas quatro comedouros meias-luas e com o ninho de periquitos na parte externa. Reproduzia-os perfeitamente nestas condições. Os filhotes e adultos fora da reprodução ficavam em conjuntos de argentinas com laterais móveis, com um espaço interno de até 2 m de comprimento.

Um item importantíssimo é oferecer material para a confecção do ninho, pois como o seu nome já diz, eles tem que calafetá-lo antes de iniciarem a postura dos ovos. No meu criadouro costumava oferecer palha de milho verde desfiada ou até mesmo papel de pão cortado. Cuidado com fios e estopas que podem enrolar nas patas dos filhotes e adultos.

A postura é de aproximadamente 4 a 8 ovos com tempo de incubação de 13 a 15 dias, estando independentes por volta dos 35 a 45 dias de vida. O anilhamento varia do sétimo ao nono dia, com anilhas de 3,2 mm. Os Calafates filhotes possuem a coloração parda e por volta dos três meses de vida, realizam a primeira muda onde adquirem a coloração característica, as bochechas brancas e a despigmentação melânica do bico.

São excelentes pais, cuidando e revezando tanto na incubação quanto no trato dos filhotes, diferente dos seus primos de Timor, que precisam ter seus filhotes repassados para amas-secas.  A única dificuldade é a formação do casal, pois a espécie não possui um dimorfismo sexual acentuado. O canto e a dança de corte (outra característica marcante dos Munias) realizado pelo macho são os diagnósticos mais seguros para a sexagem, sem se utilizar dos recursos da biotecnologia através da leitura do seu DNA.

Há também a sexagem através da observação de duas características, mais complicadas do que o canto: o formato do bico e dos anéis ao redor dos olhos. Os machos possuem a base do bico mais larga e com o afinamento em direção à ponta menos expressiva do que as fêmeas. Além do mais, o topo do bico dos machos é mais elevado. Já o anel ao redor dos olhos do macho é um pouco mais largo do que das fêmeas.

Em mutações onde ocorreu certo nível de diluição da melanina ou sua transformação para marrom, ainda temos a capacidade de recorrer a este dimorfismo sexual: machos possuem a cor da melanina mais escura que as fêmeas. Tal característica era bem observada em nosso criadouro.

Mutações

Devido ao tempo que já se encontra em cativeiro, os Calafates já possuem uma gama de cores oriundas de mutações e combinações. Como é uma ave com coloração puramente melânica, tendo o padrão selvagem a deposição de melanina negra em sua cabeça e cauda e uma bela envoltura (melanina negra pulverizada) cinza azulada pelo dorso e peito, as mutações só ocorrem na troca da cor, na diluição ou na ausência da melanina. As mutações e suas informações genéticas estão na Tabela 01.

Tabela 01               Genética das mutações em Lonchura oryzivora.
Cor
Genética
Cinza (padrão selvagem)
Dominante
Arlequim
Dominância parcial
Branco
Dominância parcial à seleção do arlequim
Albino
Sexo-ligado? Combinação entre Branco e Isabel?
Canela
Autossômico recessivo
Isabel
Autossômico recessivo
Acetinado
Sexo-ligado
Pastel
Sexo-ligado
Prateado
Autossômico recessivo
Ágata
Autossômico recessivo



Não posso deixar de mencionar aqui que de todas as espécies mais criadas de exóticos (Mandarim, Manon, Gould, Bavete, Sparrow e Calafate), o Calafate é o que apresenta a maior discrepância de informações entre as diversas fontes de consultas, principalmente entre as homepages dos diversos criadores europeus e americanos.

Um exemplo interessante, a menção da existência de duas mutações distintas acaneladas (Canela e Isabel), só é mencionada em uma homepage de um criador holandês. Nas demais que eu conheço, ou só falam dos canelas ou só dos isabéis.

Outra cor confusa é o albino, onde alguns dizem ser sexo-ligado e outros dizem ser uma combinação entre isabel e branco. Na verdade temos três cores de olhos, pretos, castanhos e vermelhos. Seriam uma combinação do branco com cinza, canela e isabel respectivamente? Como eu nunca criei albinos, fico com esta dúvida até hoje.

E por último, nossos acetinados não eram mencionados em lugar algum, até a foto que eu tinha de uma fêmea impressionava meus colegas criadores da Europa, mas agora, ela já mencionada como um canela-ino ou uma combinação de canela com uma mutação italiana chamada mascherato (mascarado), que também é sexo-ligado. Um fato interessante é que na Holanda, país com grande tradição na criação de Calafates, a mutação ágata passou a ser chamada de topázio e o tal mascherato virou o ágata deles.

Na nomenclatura oficial da OBJO, o Calafate pertence ao Grupo EX4, com apenas um subgrupo, apresentando 13 classes, a saber:

EX40101 - Cinza


EX40102 – Canela


EX40103 – Isabel


EX40104 – Acetinado


EX040105 – Branco (olhos pretos ou avermelhados)
EX40106 – Albino
EX40107 - Prateado
EX40108 – Arlequim LinhaCinza
EX40109 – Arlequim Linha Canela
EX40110 - Pastel
EX40111 - Ágata
EX40112 - Combinações
EX40113 – Outras Mutações


Já o Calafate de Timor, pertence ao Grupo EX6, subgrupo 01 Munias, a saber:

EX60114 – Calafate do Timor.


Considerações finais

Os Calafates são, sem dúvida alguma, aves fabulosas! Sua plumagem sedosa e coloração impressionante, como se tivesse sido pintado a mão com pincel. São umas das poucas espécies criadas em cativeiro que a forma selvagem é tão ou até mesmo mais bonita que muitas das mutações, apesar do Calafate ter mutações e combinações bem atraentes.

São aves bem resistentes e de fácil procriação, não dando muito trabalho ao criador. Apesar de que ter aves reservas e casais de amas não seria uma boa opção.

Deixo aqui algumas dicas de como eu montava meus casais em relação à cor: usava muito portadores! Por quê? Para intensificar a cor dos mutantes. Deixe-me explicar melhor:
Na linha dos canelas, eu sempre usava a cada duas gerações, cinzas bem (sem infiltração branca no capuz preto) para que os canelas descendentes tivessem a marcação marrom da cabeça bem escura. Reparei que após gerações entre canelas, a cor da cabeça dava uma esmaecida. O mesmo eu fazia com os prateados. Não sei se o esmaecimento ocorria nos pastéis, pois nunca os tive.

Brancos só eram acasalados com arlequins. Pois como representam uma característica genética de dominância parcial, ao se cruzar um branco com um cinza bem marcado, os filhotes nascerão com pintas brancas pelo corpo (arlequins mal marcados) e estas pintas são praticamente impossível de serem limpas, caso queira voltar os animais para a linha dos cinzas bem marcados. Por isto nunca recomendo por em uma colônia Calafates brancos, pois praticamente com o passar das gerações, todas as aves irão “pintar” de branco seus corpos. Às vezes esta pinta será apenas um sinal branco abaixo do bico da ave.

Desde a entrada do IBAMA no mundo dos pássaros exóticos, a presença dos Calafates em petshops e aviários diminuiu bastante. Lembro-me na época que, mesmo antes da liberação das INs, os fiscais em alguns estados do país já estavam apreendendo as aves em muitos lugares. Tal fato fez com que muitos criadores deixassem de criá-los. Eu mesmo, com receio de uma visita fiscalizadora, acabei me desfazendo do plantel. O que me arrependo até hoje!

Nos campeonatos brasileiros da federação ornitológica, a presença dos Calafates ainda se mantém, tendo sido apresentados 120 aves em 2014. Ao se observar os números de conjuntos classificados em 2013 e 2014 e o número de indivíduos apresentados no campeonato de 2014, constata-se que muitas das classes conseguem ter cinco conjuntos classificados no individual, mas nem todas tem quartetos. 

E considerando as cores mais inscritas em 2014 como as mais criadas pelos criadores, temos a cor cinza (padrão selvagem), branco e prateado como a preferência.
  
E a novidade em 2014 foi a apresentação e classificação de um indivíduo de Calafate de Timor, do criador Mauro Garcia.

Convido a todos os leitores, que tenham dados sobre os Calafates, como manejo e genética, que compartilhe conosco (rgc_passaros@yahoo.com.br ou RGC – Pássaros no Facebook). Estou longe de ser o senhor da verdade (tenho mais dúvidas e curiosidades do que certezas rs rs) e temos muito a aprender sobre esta espécie magnífica.


Um abraço e até a próxima!!!

Cores e mutações em Diamantes Mandarins

Vídeos mostrando as cores existentes nos Diamantes Mandarins (Poephila guttata).




Cores e Mutações do Manon do Japão

Excelente vídeo mostrando as cores existentes do Manon do Japão (Lonchura domestica)


ARTIGO: O Diamante Degolado

Artigo publicado na Revista Pássaros Exóticos, em 2014.

A espécie

Olá leitores da Revista Pássaros Exóticos! Nesta edição falaremos sobre um pássaro exótico bem peculiar, um pouco desconhecido da maioria das pessoas que não frequentam as exposições: o diamante degolado (Amadina fasciata).

Assim como a maioria dos Passeriformes exóticos criados no Brasil, o degolado pertence à Família Estrildidae, a mesma dos goulds, mandarins, manons, bavetes, etc. Sua área de distribuição natural é o continente africano, com quatro subespécies, a saber: Amadina fasciata alexanderi (Neumann, 1908), Amadina fasciata contigua (Clancey, 1970), Amadina fasciata fasciata (Gmelin, 1789) e Amadina fasciata meridionalis (Neunzig, 1910). S uma espécie com status de conservação pouco preocupante globalmente, mas com problemas de conservação em alguns lugares na África, fez com que a CITES a incluísse no anexo III, levando a espécie ao anexo B das Instruções Normativas 03/11 e 18/11 do IBAMA.

Perto dos seus parentes australianos, é considerada uma ave com bom tamanho (aproximadamente 12,7 cm), com a base de sua coloração em melaninas (eumelanina e pheomelanina) e apenas uma faixa lipocrômica vermelha percorrendo seu pescoço, dando origem ao nome degolado. Aliás, esta faixa é o dimorfismo sexual da espécie, presente somente nos machos.

Alimentação

Como os demais estrildídeos, os degolados possuem a alimentação à base de sementes, utilizando-se a mistura tradicional para exóticos, com base em painço e alpiste, além de uma boa farinhada. Pode-se oferecer também coxos com alimentação extrusada, como um complemento às sementes. Durante a época de criação, deve-se oferecer também proteína animal através das larvas de tenébrio.

Reprodução

Ave de temperamento dócil, é justamente na época de acasalamento que os degolados tornam-se mais hostis com as demais aves, em um processo de defesa de territorialidade. Portanto, recomenda-se que não as crie em colônia com sérios riscos a aves de menor porte como star finch, por exemplo. O ideal mesmo seria manter os casais separados cada qual em sua gaiola.

A reprodução pode ser tentada em gaiolas criadeiras para canários belgas (gaiolas argentinas), com o ninho em formato de caixa. Segundo muitos criadores, este é um dos segredos, os ninhos com melhor aproveitamento são os retangulares usados em criação de periquitos australianos comuns, e não as caixinhas comumente usadas nas demais espécies de exóticos. Deve-se oferecer material para a confecção do ninho já dentro do próprio, pois os degolados podem não levar os mesmos do fundo da gaiola para lá.

A postura é de aproximadamente quatro a cinco ovos com tempo de incubação de treze dias, estando independentes por volta do primeiro mês de vida até os cinquenta dias. Os degolados não costumam tratar dos próprios filhotes, mas possui mais casos de criação com os próprios pais do que os goulds, entretanto, o repasse dos filhotes para amas (usa-se manons ou calafates) é muito mais complicado em função da peculiaridade de seus filhotes nascerem com o tom da pele na cor negra extremamente forte, gerando repúdio por parte dos pais adotivos. Caso o amigo criador tenha casais de amas que criam facilmente as crias de degolados, cuidem bem deles e veja se seus descendentes também serão bons criadores de degolados para formar uma linhagem para tal.

Mutações

Na nomenclatura oficial da OBJO, o degolado divide o sub-grupo 6.02 com o seu parente congênere Amandine (Amadina erythrocephala), com seis classes no total, mas somente as duas primeiras são exclusivas do degolado (EX60201 – Degolado Fêmea e EX60202 – Degolado Macho). Possíveis mutações já definidas para ambas as espécies concorrem nas duas últimas classes. E as mutações já existem, são elas:

Cor
Genética
Padrão Selvagem
Dominante
Canela
Sexo-ligado
Albino
Autossômico recessivo
Opal
Autossômico recessivo
Gola Laranja
Autossômico recessivo

Considerações finais

Os diamantes degolados são pássaros sem o chamativo colorido, mas possuem o desenho das penas em um padrão interessante, com o sobressalto da gola vermelha dos machos. Em suma, são aves bonitas, mas não atrai o popular, não havendo interesse em pet shops, pois perdem para os coloridos goulds e mandarins, acarretando em baixo valor de mercado. Em termos de saúde, são bem resistentes, não demandando maiores cuidados, somente o básico como noite de sono tranqüila e evitar correntes de vento. Quaisquer sinais de que algo não vai bem com a ave, recomenda-se procurar a ajuda de um veterinário especializado.

Mas é uma espécie pouco criada, talvez pela dificuldade de se conseguir amas que aceitem suas crias. Tem criador que acaba apelando para a alimentação manual dos filhotes pelo fato de ninguém querer alimentá-los (próprios pais e as amas-secas). Por tal motivo, muitos o consideram mais difíceis de criar do que os goulds e bavetes, não os indicando aos criadores iniciantes.

O resultado disso é que quase não se vê degolados, tanto em feiras livres quanto nas exposições. De acordo com os resultados analíticos do campeonato brasileiro de 2013, somente 5 criadores participaram com degolados no grupo dos exóticos (16% do total de criadores de exóticos que participaram) e foram apresentadas 18 aves, 10 exemplares no individual e 8 em quartetos, com exatamente 50% para fêmeas e 50% para machos (apenas 1% de todos os pássaros exóticos expostos). Já em 2014, 4 criadores inscreveram somente 11 aves (queda de 38,9% em relação a 2013), sendo 04 fêmeas e 07 machos, todos na categoria individual, isto é, nenhum quarteto inscrito.

Um abraço e até a próxima!!!