A espécie
Olá leitores da Revista Pássaros
Exóticos! Nesta edição falaremos sobre um pássaro exótico bem peculiar, um
pouco desconhecido da maioria das pessoas que não frequentam as exposições: o
diamante degolado (Amadina fasciata).
Assim como a maioria dos
Passeriformes exóticos criados no Brasil, o degolado pertence à Família
Estrildidae, a mesma dos goulds, mandarins, manons, bavetes, etc. Sua área de
distribuição natural é o continente africano, com quatro
subespécies, a saber: Amadina fasciata
alexanderi (Neumann, 1908), Amadina
fasciata contigua (Clancey, 1970), Amadina
fasciata fasciata (Gmelin, 1789) e Amadina
fasciata meridionalis (Neunzig, 1910). S uma espécie com status de conservação pouco preocupante globalmente,
mas com problemas de conservação em alguns lugares na África, fez com que a
CITES a incluísse no anexo III, levando a espécie ao anexo B das Instruções
Normativas 03/11 e 18/11 do IBAMA.
Perto dos seus
parentes australianos, é considerada uma ave com bom tamanho (aproximadamente
12,7 cm), com a base de sua coloração em melaninas (eumelanina e pheomelanina)
e apenas uma faixa lipocrômica vermelha percorrendo seu pescoço, dando origem
ao nome degolado. Aliás, esta faixa é o dimorfismo sexual da espécie, presente
somente nos machos.
Alimentação
Como os demais
estrildídeos, os degolados possuem a alimentação à base de sementes,
utilizando-se a mistura tradicional para exóticos, com base em painço e
alpiste, além de uma boa farinhada. Pode-se oferecer também coxos com
alimentação extrusada, como um complemento às sementes. Durante a época de
criação, deve-se oferecer também proteína animal através das larvas de
tenébrio.
Reprodução
Ave de
temperamento dócil, é justamente na época de acasalamento que os degolados
tornam-se mais hostis com as demais aves, em um processo de defesa de
territorialidade. Portanto, recomenda-se que não as crie em colônia com sérios
riscos a aves de menor porte como star finch, por exemplo. O ideal mesmo seria
manter os casais separados cada qual em sua gaiola.
A reprodução
pode ser tentada em gaiolas criadeiras para canários belgas (gaiolas
argentinas), com o ninho em formato de caixa. Segundo muitos criadores, este é
um dos segredos, os ninhos com melhor aproveitamento são os retangulares usados
em criação de periquitos australianos comuns, e não as caixinhas comumente usadas
nas demais espécies de exóticos. Deve-se oferecer material para a confecção do
ninho já dentro do próprio, pois os degolados podem não levar os mesmos do
fundo da gaiola para lá.
A postura é de
aproximadamente quatro a cinco ovos com tempo de incubação de treze dias,
estando independentes por volta do primeiro mês de vida até os cinquenta dias.
Os degolados não costumam tratar dos próprios filhotes, mas possui mais casos
de criação com os próprios pais do que os goulds, entretanto, o repasse dos
filhotes para amas (usa-se manons ou calafates) é muito mais complicado em
função da peculiaridade de seus filhotes nascerem com o tom da pele na cor
negra extremamente forte, gerando repúdio por parte dos pais adotivos. Caso o
amigo criador tenha casais de amas que criam facilmente as crias de degolados,
cuidem bem deles e veja se seus descendentes também serão bons criadores de
degolados para formar uma linhagem para tal.
Mutações
Na
nomenclatura oficial da OBJO, o degolado divide o sub-grupo 6.02 com o seu
parente congênere Amandine (Amadina
erythrocephala), com seis classes no total, mas somente as duas primeiras
são exclusivas do degolado (EX60201 – Degolado Fêmea e EX60202 – Degolado
Macho). Possíveis mutações já definidas para ambas as espécies concorrem nas
duas últimas classes. E as mutações já existem, são elas:
Cor
|
Genética
|
Padrão Selvagem
|
Dominante
|
Canela
|
Sexo-ligado
|
Albino
|
Autossômico recessivo
|
Opal
|
Autossômico recessivo
|
Gola Laranja
|
Autossômico recessivo
|
Considerações finais
Os diamantes
degolados são pássaros sem o chamativo colorido, mas possuem o desenho das
penas em um padrão interessante, com o sobressalto da gola vermelha dos machos.
Em suma, são aves bonitas, mas não atrai o popular, não havendo interesse em pet shops, pois perdem para os coloridos
goulds e mandarins, acarretando em baixo valor de mercado. Em termos de saúde,
são bem resistentes, não demandando maiores cuidados, somente o básico como
noite de sono tranqüila e evitar correntes de vento. Quaisquer sinais de que
algo não vai bem com a ave, recomenda-se procurar a ajuda de um veterinário especializado.
Mas é uma
espécie pouco criada, talvez pela dificuldade de se conseguir amas que aceitem
suas crias. Tem criador que acaba apelando para a alimentação manual dos
filhotes pelo fato de ninguém querer alimentá-los (próprios pais e as
amas-secas). Por tal motivo, muitos o consideram mais difíceis de criar do que
os goulds e bavetes, não os indicando aos criadores iniciantes.
O resultado
disso é que quase não se vê degolados, tanto em feiras livres quanto nas
exposições. De acordo com os resultados analíticos do campeonato brasileiro de
2013, somente 5 criadores participaram com degolados no grupo dos exóticos (16%
do total de criadores de exóticos que participaram) e foram apresentadas 18
aves, 10 exemplares no individual e 8 em quartetos, com exatamente 50% para
fêmeas e 50% para machos (apenas 1% de todos os pássaros exóticos expostos). Já
em 2014, 4 criadores inscreveram somente 11 aves (queda de 38,9% em relação a
2013), sendo 04 fêmeas e 07 machos, todos na categoria individual, isto é,
nenhum quarteto inscrito.
Um abraço e até a próxima!!!
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