Artigo publicado na Revista Pássaros Exóticos
A espécie
Olá amigos leitores da Revista
Pássaros Exóticos! Juntos mais uma vez para falarmos de mais uma espécie de
Passeriforme exótico: o Diamante Bicolor. Esta ave é conhecida no mundo inteiro
como Diamante Papagaio (ou Parrot Finch,
em inglês) em função das suas cores (verde e vermelha) estarem em posições que
lembram as cores do psitacídeo. Seu próprio nome científico faz uma referência
aos psitacídeos: Erythrura psittacea.
Ave pequena, com aproximadamente
12 a 13 cm de comprimento, possuindo no corpo a presença de eumelanina negra e
dois lipocromos (amarelo e vermelho). O lipocromo vermelho está presente
somente na cabeça, uropígio e cauda, sem a interferência melânica. Já o
lipocromo amarelo, encontra-se pelo corpo e asas, onde em conjunto com o efeito
de Tyndall da envoltura melânica (reflexo azulado) temos a cor verde
característica da espécie.
Pertencente a mesma família das
principais espécies exóticas criadas no Brasil, Família Estrildidae, o bicolor divide
o gênero Erythrura com outras espécies que também são chamados lá fora de diamantes
papagaios, como por exemplo, o Diamante Tricolor (Erythrura trichroa), o Diamante Quadricolor (Erythrura prasina) e também do já conhecido de todos Diamante de Gould
(Erythrura gouldiae).
Espécie endêmica da Ilha Nova Caledônia,
que se localiza entre a Nova Zelândia e a Austrália, possui o status de conservação pouco preocupante
e habita arbustos, campos abertos, áreas cultivadas e manguezais da ilha.
Talvez pelo seu endemismo (espécies endêmicas são mais vulneráveis à extinção),
o Erythrura psittacea esteja no Anexo
B da Instrução Normativa 18/11 do IBAMA.
Alimentação
A alimentação se constitui a
mesma dos demais granívoros da família, como os mandarins, goulds, manons etc.
Complementa-se a alimentação com uma boa farinhada e ração extrusada, ao gosto
do criador. Durante a época de criação, deve-se oferecer também proteína animal
através das larvas de tenébrio.
Reprodução
Criadas em cativeiro há bastante
tempo, são aves que se reproduzem relativamente bem, podendo-se criá-los em
colônia mista (espécies diferentes) ou em casais individuais, cada qual em sua
gaiola criadeira, tipo argentina (a mesma utilizada para a criação de canários),
utilizando-se o famoso ninho caixinha/cubo de aproximadamente 15 cm de lado.
O dimorfismo sexual na espécie é
bastante difícil de observar, onde os machos possuem as cores mais brilhantes
do que as fêmeas. Sugiro, além da eventual sexagem em laboratório, a observação
da característica de cantar e cortejar dos machos, inexistentes nas fêmeas.
Em época de reprodução, tornam-se
territorialistas, devendo o criador se atentar a esta situação, como gaiolas
coladas umas as outras, oferecendo a oportunidade dos machos se atracarem pela
grade. Os machos também não costumam ser tão cavalheiros com suas fêmeas,
podendo muitas das vezes depená-las ou até mesmo matá-las. Portanto, o criador
deverá ficar atento a oferecer com frequência materiais para confecção do
ninho, onde deixará o macho ocupado, enquanto a fêmea não “pede” cópula.
Os bicolores costumam por de três
a seis ovos, que por volta dos 14 dias, eclodirão. Entretanto, costumam ser
péssimos pais, como a maioria das espécies de estrildídeos criadas em
cativeiro, devendo seus ovos ser repassados para nossos famosos manons!
Seus filhotes possuem uma
característica marcante nas espécies do gênero Erythrura, que são os pontos
brilhosos em volta de sua boca, assim como nos diamantes de goulds. Tais pontos
brilhosos são um indicativo para que os pais se orientem durante a alimentação
de seus filhos, sugerindo que na natureza, tais aves fazem ninhos extremamente
fechados e escuros, onde a pouquíssima iluminação que entre sirva apenas para
brilhar tais pontinhos nas bocas dos ninhegos.
Os filhotes deverão ser anilhados
com sete dias, com anilhas de 2,5 mm, segundo a OBJO e com aproximadamente 45
dias, os mesmos já poderão ser separados dos pais (adotivos ou não) e
transferidos para voadeiras, onde ganharão músculos e aguardarão a muda de
virada de “pardo” (na verdade verdes) para a cor adulta (verde e vermelho).
Deve-se atentar para alguns
fatores na criação dos Bicolores, como por exemplo, no material fornecido para
confecção dos ninhos, pois os machos são muitos afoitos nesta atividade e
fiapos longos poderão ocasionar acidentes, como enforcamento da ave.
Outro detalhe é o uso do ninho
tipo caixa para as amas-secas, pois os filhotes de bicolores são muito
assustados e ninhos tipo taça levarão aos mesmos a deixarem os ninhos
precocemente, e como são muito miúdos, poderão escapar pela malha das gaiolas,
levando o filhote a óbito por frio ou inanição. Já vi os dois fatos mencionados
anteriormente acontecer em um criadouro de um amigo, que cria esta espécie.
Mutações
Bem, como os amigos já puderam
observar na foto do exemplar selvagem, esta espécie possui em suas penas
eumelanina negra e os lipocromos amarelo e vermelho, portanto, as mutações
existentes atuaram em cima destes itens. Existem três mutações: verde mar,
arlequim e lutino.
A mutação verde mar atua somente
sobre os lipocromos, diluindo a concentração dos mesmos. Algo semelhante às
mutações turquesas nos psitacídeos e marfim nos canários de cor. Como a diluição
dos lipocromos não foi ao máximo (total eliminação), a ave apresenta o
lipocromo vermelho em tom laranjado e o amarelo em tom marfim, que junto ao
efeito de Tyndall da eumelanina negra, torna a cor verde-mar, ou azul
esverdeado, visível.
Existem alguns relatos, ou
lendas, que já existe o Diamante Bicolor realmente azul, isto é, com total
eliminação dos lipocromos. Nunca vi uma fotografia sequer, mas se esta ave
realmente existe, deve ser um pássaro com cabeça, uropígio e cauda brancos e corpo
azul.
Já a mutação arlequim é a atuação
do leucismo parcial, onde em zonas aleatórias do corpo não ocorre a deposição
da eumelanina, fazendo com que o corpo originalmente verde, fique manchado de
amarelo. Existem exemplares cujas áreas melânicas são tão escassas
que a ave apresenta o corpo praticamente amarelo. Pode-se combinar com a mutação
verde-mar, obtendo o arlequim verde-mar.
O efeito da
mutação lutino já é conhecido por criadores de inúmeras espécies de aves que
possuem tal mutação. É a eliminação total da melanina no corpo do animal,
permanecendo intocados os lipocromos amarelo e vermelho. A origem
da mutação lutino nos Erythrura psittacea
é controversa, podendo ter sido introduzida na espécie por hibridação com o Diamante
Tricolor (Erythrua trichroa).
Segundo a Ordem Brasileira de
Juízes de Ornitologia (OBJO) em seu anuário de 2015 (até o momento da entrega
deste artigo à edição da revista, eu ainda não havia recebido o anuário 2016),
insere os diamantes bicolores no segmento exóticos estrangeiros, grupo 7
(Exóticos Raros), subgrupo 07.01 Erythruras, onde estão todas as espécies de
Erythruras que concorrem em nossos campeonatos, com excessão dos Diamantes de
Gould, que a FOB ainda chama de Chloebia
gouldiae. A tabela a seguir mostra somente as classes destinadas à espécie
foco deste artigo, Erythrura psittacea.
Código
|
Cor
|
Genética
|
EX 070101
|
Bicolor
(Erythrura
psittacea)
|
Forma selvagem
|
EX 070102
|
Bicolor Face Laranja
(verde mar)
|
Sexo-ligado recessivo
|
EX 070103
|
Bicolor Arlequim
(todos)
|
Autossômico Dominante
|
EX 070104
|
Bicolor Lutino
|
Sexo-ligado recessivo
|
Considerações Finais
Os Diamantes Bicolores se fizeram
presentes nos últimos três Campeonatos Brasileiros de Ornitologia da FOB, mas
sempre em baixo contingente. O Gráfico 01 nos mostra que nos três anos, sempre
tiveram os cincos classificados na classe Bicolor Ancestral e uma média de 1,33
indivíduos de bicolor verde-mar classificado por ano. Números muito baixos
comparados a outros exóticos como mandarins, goulds e manons, por exemplo. E
nenhum quarteto foi apresentado em nenhum dos três anos de competição!
Estes dados mostram que há espaço
de sobra para que mais criadores passem a criar esta linda espécie e que leve
suas aves para concorrer nos próximos campeonatos brasileiros.
Gráfico 01 . Número de
conjuntos (individual e quarteto) de bicolores classificados nos Campeonatos
Brasileiros de Ornitologia de 2013 a 2015.
Bem amigos, era isto que
queríamos escrever sobre esta exótica espécie, chamada de diamante bicolor ou
diamante papagaio. Desejo aos amigos que já criam um enorme sucesso em suas
criações e àqueles que desejam criá-la, que vão em frente e iniciem seus
plantéis com indivíduos de criadores idôneos, com aves anilhadas, conforme as
IN 03 e 18.
Um abraço e até a
próxima!!!
Com quantos meses começam a se reproduzir?
ResponderExcluir